caribe

Muito além de um simples Canal

Embora pareça, esse texto não se refere ao Canal Off, um dos canais mais assistidos da TV paga brasileira. Na verdade, o Canal ao qual me refiro é o Canal do Panamá e, quando digo que é muito além de um canal, é porque fiquei extasiada com a quantidade de atrativo que o Panamá oferece. Tive o prazer de visitar o país em junho e essa escolha foi primeiramente em função de um lugar: o arquipélago de San Blas. Quanto mais eu pesquisava sobre o país e traçava o roteiro, mais interessada eu ficava e paisagens serranas, cachoeiras, praias no Caribe, no Pacífico, praias flat e agitadas me fizeram ter certeza de que lá seria o local para minhas férias desse ano.

A primeira parada, como de praxe, foi na capital, a Cidade do Panamá. Muita andança por lá, arranha-céus que lembravam Dubai, algumas voltas que tomamos dos taxistas, mas isso é batata pra quem mora no Rio. O objetivo principal era agendar a ida no dia seguinte a San Blas e pasmem: é uma bagunça organizada. Falamos ao menino do hostel que queríamos ir a San Blas e gostaríamos de nos hospedar nas Ilhas Franklin. Pesquisamos e a Franklin, segundo relatos, era bastante sossegada e um pouco mais afastada das ilhas principais do início. As primeiras ilhas, dentre as 365 ilhas do arquipélago, têm mais estrutura, locais de hospedagem melhor e mais agito, vida noturna. Algo muito distante do que estávamos buscando. Queríamos paz, mar azul e... muita areia. A resposta do "chico" do hostel foi: tudo bem, 5:30h (da madruga) aqui embaixo amanhã. Não entendi muito bem como aquilo funcionaria, mas tudo bem, obedecemos. Água comprada (muita, porque em outra vida fui um camelo), biscoito, chocolate (me entreguei) e mini mala pronta. Nada além de uma lanterninha, biquini, cameras e apetrechos.

Landscape da Cidade do Panamá: arranha-céus bizarros por toda a orla.

Landscape da Cidade do Panamá: arranha-céus bizarros por toda a orla.

Orla que não acaba mais! Passeio legal de fazer caminhando e que termina num mercado de peixes, cujo ceviche vale 2 dólares.

Orla que não acaba mais! Passeio legal de fazer caminhando e que termina num mercado de peixes, cujo ceviche vale 2 dólares.

Acho que os prédios não eram tão grandes, né Rê?

Acho que os prédios não eram tão grandes, né Rê?

O Casco Viejo é a parte antiga e charmosa da cidade, que foi restaurada há poucos anos. Lá está a sede do governo panamenho.

O Casco Viejo é a parte antiga e charmosa da cidade, que foi restaurada há poucos anos. Lá está a sede do governo panamenho.

No dia seguinte, sim, era real: um motorista às 5:30 da madruga. O que acontece na verdade é que o hostel liga pro motorista, informando a ilha que queremos ir. O motorista liga pro dono da Ilha. Sim, existe um dono da ilha. Vamos de carro num trajeto de 2 horas até um porto e sentamos no banquinho escrito "Franklin". Uma pessoa confirma se vamos pra Franklin, mais barquinho e voilá! Aliás, vamos à história de San Blas: são 365 ilhas, cada qual habitada e controlada por uma família de Kuna Yala. Kula Yala (ou "Guna") é uma comunidade que controla a região de San Blas e que, graças a Deus, impede que resorts e grandes investimentos dominem a Comarca e a transformem em Cancun.  Cada família de Kuna Yala tem uma ilha, cujo patriarca ganhou de presente em algum momento da vida. E as ilhas são maravilhosas, tipo a imagem de plano de fundo do Windows. Acho até que eles não têm muita noção do presente imensurável que têm na mão. De posse de sua ilha, a família pode construir cabanas pra receber pessoas e geralmente as ilhas têm a mesma rotina: paga-se um valor que inclui hospedagem em cabana e as três refeições, feitas por um cozinheiro Kuna. Bebidas são à parte e em algumas é permitido acampar. A água é salobra, não há energia elétrica, com exceção de um certo horário que, no caso das Islas Franklin, era de 17h as 22h com gerador, para que você carregue câmeras, celulares, gopros e afins. Quanto às cabanas, são feitas de palha e um pouco quentes. Ok, serei realista: são beeeem quentes ou então dei azar da brisa ter passado por fora do arquipélago. Confesso que a hora de dormir era um pouco sofrida por conta do calor. Mas isso era um mero detalhe, diante do paraíso que tínhamos e do mar a dois passos da porta da cabana. Snorkel o dia inteiro no rosto, biquíni o dia inteiro no corpo. Se quiséssemos ir para outras ilhas, como fizemos, era só combinar com um kuna, no nosso caso o Emílio, e ele chutava um valor, testava nossa simpatia pra convencer outros hóspedes da ilha a passear também e era só correr pro abraço! Dentre os lugares conhecidos: Cayos Holandeses (mais distante, mais perfeitos, mais caros e que mais valem a pena), Isla Diablo e Isla Perro (que contam com um barco afundado, ou barco hundido como eles chamam, no caminho de 50m entre elas), Isla de Las Estrelas (um inacreditável banco de areia no meio do oceano com centenas de estrelas-do-mar vermelhas e gordinhas, que NÃO podem ser retiradas da água) e Isla Playa, um paraíso também cujo dono Ignacio (ou Nacho para as pessoas íntimas como eu) cultiva a privacidade dos hóspedes. A comida varia entre as ilhas. Tive a chance de dormir uma noite na Diablo e não gostei muito da comida de lá. Já o cozinheiro da Franklin tinha a maior boa vontade do mundo e inclusive a gente dava pitaco no cardápio. Apesar de paradisíaco, infelizmente a ação do homem é perceptível e por vezes encontramos alguns lixos na ilha e no fundo do mar. Portanto, preservem!

Barquinho a caminho das ilhas. Não, esse povo todo não ia pra mesma ilha. Tá vendo esse menino de laranja do meu lado? Guarde bem o rosto dele!

Barquinho a caminho das ilhas. Não, esse povo todo não ia pra mesma ilha. Tá vendo esse menino de laranja do meu lado? Guarde bem o rosto dele!

Cayos Holandeses, um pedacinho do paraíso na Terra!

Cayos Holandeses, um pedacinho do paraíso na Terra!

Isla Diablo, com seus balancinhos inconfundíveis. Mais barulhenta e com uma comida não tão agradável quanto à Isla Franklin.

Isla Diablo, com seus balancinhos inconfundíveis. Mais barulhenta e com uma comida não tão agradável quanto à Isla Franklin.

Sim, é real.

Sim, é real.

Nossa humilde residência na Isla Franklin! A caixa dorme na cama grande comigo e a Rê na outra, claro.

Nossa humilde residência na Isla Franklin! A caixa dorme na cama grande comigo e a Rê na outra, claro.

Barco hundido: à esquerda a Isla Diablo; à direita Isla Perro.

Barco hundido: à esquerda a Isla Diablo; à direita Isla Perro.

Pinto no lixo, no banco de areia das estrelas!

Pinto no lixo, no banco de areia das estrelas!

Elas também são de verdade! Mas lembre-se: nada de tirá-las da água, porque elas morrem.

Elas também são de verdade! Mas lembre-se: nada de tirá-las da água, porque elas morrem.

As kunas posando pra foto! Esse aí era o refeitório!

As kunas posando pra foto! Esse aí era o refeitório!

Emilio, nosso querido kuna barqueiro que fazia tudo que a gente pedia! Há!

Emilio, nosso querido kuna barqueiro que fazia tudo que a gente pedia! Há!

Nossa estada em San Blas foi de quatro dias, com o balanço de algumas noites mal dormidas, um banho por dia, muitas vezes até de baldinho e muito mergulho; muitos peixes, uma nota de 10 dólares no fundo do mar, corais, moreias, estrelas-do-mar, ouriços e um universo grandioso que o Caribe nos reserva. Um dos lugares mais paradisíacos que já visitei! Na volta, tudo perfeito como na ida: o barquinho da ilha leva até o mini porto, onde o mesmo motorista está de braços abertos te esperando!

Passamos um dia na Cidade do Panamá e no dia seguinte partimos para Santa Catalina. Para comprar o ticket do ônibus, fomos ao Albrook, terminal rodoviário junto com um shopping de mesmo nome, no dia anterior, mas não conseguimos pois o rapaz da empresa não estava lá. Tudo bem, ele nos informou que o primeiro ônibus partia às 8:20. Chegamos umas 7h da manhã, compramos o ticket. Comprar o ticket consiste em: o funcionário da empresa escrever num bloquinho o horário do bus. Então, não entendemos porque o rapaz não fez isso no dia anterior. Tomamos café na pracinha de alimentação, que tem umas padarias esquisitas, mas tem Dunkin Donuts que sempre salva. Por volta de 8h fomos andando calmamente até a plataforma de embarque e, quando o mesmo rapaz que nos vendeu o ticket nos viu, começou a acenar, berrar e nos dar bronca!  No Panamá tem uma coisa muito engraçada: o horário que eles marcam para saída do ônibus é fictício. Eles saem a hora que querem e, se as pessoas já estão no veículo, adeus! Isso aconteceu duas vezes conosco. Pegamos o ônibus para Soná e por volta de 12:30 chegamos na linda cidade (só que não). De lá, pegamos um outro ônibus com cara de kombi e muito abafado até Santa Catalina. Mas por que Santa Cata? A cidade é muito pequena, mas além de contar com ondas para "surfear", tem um dos mergulhos mais incríveis na reserva das Islas Coiba. Quanto ao surf, não levamos prancha, já que nosso nível nesse esporte ainda não tá valendo toda essa trabalheira. Preferimos alugar um toco por lá. Em Santa Cata, nos hospedamos numa casinha com cozinha, chamada Casas Maya, cuja dona é uma italiana, que também tem uma pizzaria ao forno deliciosa ao lado, a Pizzeria Jamming. Nossa humilde residência era linda e conseguimos fazer café-da-manhã e almoço todos os dias. Sem sombra de dúvida, o momento mais inesquecível foi realmente o mergulho em Coiba. Mergulhamos pela Panama Dive Center, empresa de mergulho de gringos, cujo serviço é muito bom. Barquinho por 1 hora até as ilhas, muita vida marinha no mergulho com direito a tartarugas, tubarões, moreias gigantes, muitos tipos exóticos de peixe e um sanduíche de lanchinho maravilhoso. Eles até perguntam, enquanto preenchemos a ficha para mergulhar, qual sabor preferimos, tendo espaço até para os vegetarianos. Por sorte, nesse mergulho, conhecemos um guia local chamado Oscar, dono da empresa de turismo Explora Ya. Oscar acompanhava um casal de idosos americanos que foram no mesmo barco que nós, para fazer snorkel. Coincidentemente, os três estavam indo para nosso próximo destino: Boquete! A melhor parte é que ao invés de fazer 359 baldeações para chegar até lá, iríamos com eles, 0800, de van e parando na estrada conforme a vontade do casal. Fofíssimos todos eles.

Primeiro busão até Soná, aquele que tomamos esporro do cara da companhia. Style, né?

Primeiro busão até Soná, aquele que tomamos esporro do cara da companhia. Style, né?

Indo de primeira classe para Santa Catalina! Só que nunca!

Indo de primeira classe para Santa Catalina! Só que nunca!

A estrada até as Casas Maya era de terra. Muito bom o cheirinho de natureza que acompanhava a gente por Santa Catalina.

A estrada até as Casas Maya era de terra. Muito bom o cheirinho de natureza que acompanhava a gente por Santa Catalina.

Pedacinho do apê que ficamos, nas Casas Maya. Vinte e cinco dólares por noite, muito bem pagos.

Pedacinho do apê que ficamos, nas Casas Maya. Vinte e cinco dólares por noite, muito bem pagos.

Água muito azul em Coiba e uma visibilidade incrível.

Água muito azul em Coiba e uma visibilidade incrível.

Na outra costa do Panamá, a areia já é mais escura e a cor da água também. Nem mais bonito, nem mais feio; apenas diferente. Cada local com suas particularidades!

Na outra costa do Panamá, a areia já é mais escura e a cor da água também. Nem mais bonito, nem mais feio; apenas diferente. Cada local com suas particularidades!

Em Sanata Catalina, há pranchas para alugar, claro que bem ruins. Mas pro nosso nível, foi mais do que divertido!

Em Sanata Catalina, há pranchas para alugar, claro que bem ruins. Mas pro nosso nível, foi mais do que divertido!

Saímos cedo de Santa Cata e chegamos em Boquete na hora do almoço. Tínhamos tirado essa cidade do roteiro, mas em San Blas conhecemos um casal fofíssimo de brasileiros que nos recomendou muito o local. Se Santa Cata era uma cidadezinha de praia no Pacífico, de água quente e areia escura, Boquete era o oposto: cidade pequena, serrana, com trilhas e cachoeiras e um clima agradabilíssimo! Percebemos que a cidade contava com um grande número de idosos americanos morando nela. O motivo era melhor qualidade de vida, melhor alimentação, já que os produtos orgânicos eram abundantes por lá e o clima gostoso. O hostel, chamado Refugio del Rio, era delicioso! Um rio passando por trás dele e o barulho de água era tão forte que, quando chovia, nunca sabíamos se a chuva tinha cessado ou não. Por 16 dólares, ficamos num quarto privativo, enorme e bem gostosinho! De fato, comemos bem em Boquete, principalmente no Senor Gyros, uma espécie de wrap grego, fundado por um americano e um australiano super hospitaleiros. Sem dúvida, a grande atração eram as cachoeiras chamadas The Lost Waterfalls, ou 3 Cascadas na língua local, embora Boquete também seja famosa pela observação de um pássaro exótico típico da região, o Quetzal. Não ligamos muito pro pássaro. Uma trilha de 45 minutos, no máximo, divididas em 3 cachoeiras, como o nome sugere, dentro de uma propriedade privada fazem do passeio uma verdadeira purificação, com muito mato e natureza envolvidos. A água é muito fria, mas eu sou adepta ao lema "quanto mais fria, mais desintoxica". Das três cachoeiras, duas eram "nadáveis" e a primeira era somente pra observar a queda d' água e se preparar para o que estava por vir. Uma delícia de lugar! Passamos 2 noites somente em Boquete e de lá partimos para nosso último destino: Bocas del Toro.

"Refugio del Rio", hostel onde ficamos em Boquete. Estava muito difícil ser a gente...

"Refugio del Rio", hostel onde ficamos em Boquete. Estava muito difícil ser a gente...

A van nos larga aí, entrada das 3 Cascadas! Impressionante como o clima muda. Aliás, à tarde sempre chovia. Meio dia e um minuto, começava a pingar.

A van nos larga aí, entrada das 3 Cascadas! Impressionante como o clima muda. Aliás, à tarde sempre chovia. Meio dia e um minuto, começava a pingar.

A primeira das 3 cachoeiras, a única onde não é possível mergulhar.

A primeira das 3 cachoeiras, a única onde não é possível mergulhar.

Água congelante e renovadora!

Água congelante e renovadora!

Para ir de Boquete a Bocas, pegamos um shuttle que custava 30 dólares (com o barquinho incluído) e saía do Hostel Mamma Llena. A viagem durava cerca de 4 horas numa estrada linda, além de ser muito perceptível toda a vegetação mudando. Chegamos em Almirante na hora do almoço e eu evitava o contato visual com os panamenhos malas que insistiam em carregar nossa bagagem. Veja só se eu, mochileira nata acostumada com todas aquelas tralhas, iria dar o braço a torcer! Que nada, quem pariu Mateus que o embale (é isso?). De Almirante, o barquinho parte pra Isla Cólon, ilha principal de Bocas. Nos hospedamos na outra ilha, chamada Bastimientos. Nossa impressão foi péssima, mas nossa escolha em não ficar na outra ilha foi única e exclusivamente porque desde que compramos a passagem, amamos de cara um lugar chamado The Firefly. Era um hotelzinho todo eco, criado por um casal de americanos e que também contava com um restaurante delicioso. Não era luxuoso, mas era lindo e aconchegante. Porém, a ilha não era muito receptiva. Como uma espécie de gueto, crianças de calcinha corriam pela ilha, mães fazendo trancinhas na cabeça das crianças ensaboadas, música alta e muita roupa no varal. Roupa no varal significa bastante coisa. Sem contar que o tempo inteiro tentavam nos passar a perna e nos dar uma volta, principalmente os barqueiros. É chato andar o tempo inteiro receosa, com pé atrás e com medo de encontrar essas pessoas na ilha. Teríamos amado mais se tívessemos ido mais a Cólon, o que aconteceu no fim dos nossos dias. Os passeios em Bocas eram caros, algo em torno de 60 dólares por pessoa e nosso dinheiro já estava bastante escasso. Como a nossa cereja do bolo havia sido no início da viagem em San Blas, tínhamos certeza de que não veríamos nada igual e optamos por não fazer passeio algum. Mas, caso queiram saber, parece que os Cayos Zapatillas e Playa Estrellas são lindas. Acredito que nada diferente ou melhor do que vimos nos Cayos Holandeses e muito menos no banco de areia que citei de Santa Blas, cheio de estrela-do-mar. 

Dentre os atrativos de Bocas,o surf também chama a atenção. No nosso caso, passou longe! Na Playa Bluff e Paunch  tem onda, mas nos nossos dias por lá, estavam flats essas praias. Um dos passeios que mais me trouxe alegria em Bocas foi quando alugamos a bicicleta. Tínhamos a opção de ir para Bluff e Paunch, a somente 5 km do centro ou para Boca del Drago, a 14 km. Claro que optamos pela mais distante. Claro que nos arrependemos. Não eram somente uma Ponte Rio-Niterói até Boca del Drago. Altos e baixos que até fiquei na dúvida se não estava na Cordilheira dos Andes. Sem contar que a bike freava quando pedalava pra trás. Coordenação nota dez, só que não. Estava tudo muito lindo também, até a corrente da minha magricela sair. Tentei  de todas as formas não sujar a mão. Nada. Até que surgem duas almas caridosas, homens claro, que simplesmente viram a bicicleta de cabeça pra baixo e com dois movimentos, consertam o veículo. Continuamos nosso lindo passeio mata adentro. Sim, porque só tinha mata e subida no caminho. Nosso pensamento era: e a volta? Porque o que era subida ia virar descida, mas o que era descida ia virar uma subida interminável! Encharcadas de suor, chegamos até a praia e foi fofíssimo passar por umas crianças que voltavam da escola e corriam muito felizes atrás da gente, como uma forma de "boas vindas, gringas". A praia era realmente muito sossegada, mas, vale lembra, nossa cereja foi San Blas. Na volta, óbvio, pegamos um ônibus, cujo motorista nos entendeu pelo olhar. Colocou as bicicletas lá em cima e viemos sentadinhas, como passageiras normais. Que alívio! Sempre tenho esse sentimento no Rio, quando vou à praia de bicicleta e emendo em outro programa, como um bar ou almoço. Fico me perguntando: que que eu faço com essa bicicleta agora? Tem como dobrar e colocar no bolso? Enfim, no Panamá eles têm solução pra esse dilema! Na última noite em Bocas, fomos curtir um pouco da noite na Isla Cólon, que conta com bares animados, pessoas felizes e cantantes, boa comida e muita alegria. Pensamos: porque não fizemos isso antes? Lá encontramos com um suíço que conhecemos assim que chegamos no portinho para San Blas e que passou o dia conosco nos Cayos Holandeses. Lucas parecia o Messi e era professor de Geografia no seu país natal. Estava viajando há um ano pela América Central. Ele lutava judô também e tentei fazer um link entre o Silvio Santos e um Ipon Seoi Nagê, em inglês. Ele não entendeu e fui sacaneada a viagem inteira por isso. Mesmo assim, insisto: Silvio Santos falaria Ipon seOOOOOOOOOI Nagê. Engraçado porque comentamos que era triste a gente conhecer pessoas legais e achar que nunca mais encontraríamos ela. Pelo menos, com Lucas não demos esse azar.

Chegando em Bocas del Toro, nos deparamos com um local mais ou menos assim. Casinhas flutuantes, tipo palafitas, feitas de tábuas de madeiras.

Chegando em Bocas del Toro, nos deparamos com um local mais ou menos assim. Casinhas flutuantes, tipo palafitas, feitas de tábuas de madeiras.

Firefly, pousada meio hotel meio eco meio lar, mas muito aconchegante! Era o que nos fazia desligar da Isla Bastimientos, não tão amigável assim.

Firefly, pousada meio hotel meio eco meio lar, mas muito aconchegante! Era o que nos fazia desligar da Isla Bastimientos, não tão amigável assim.

Rolezinho de bike pelas "montanhas" de Bocas, no caminho para Boca Del Drago.

Rolezinho de bike pelas "montanhas" de Bocas, no caminho para Boca Del Drago.

Pra refrescar depois dos 14km sofridos de bike.

Pra refrescar depois dos 14km sofridos de bike.

Bocas del Drago recebendo a gente bem!

Bocas del Drago recebendo a gente bem!

Lembra do menino ao meu lado no barquinho? Olha ele aí e detalhe: com a mesma camisa! Encontramos o Messi em Bocas del Toro, mas ele responde por Lucas, pra disfarçar e despistar os fãs. Nossa última noite no Panamá!

Lembra do menino ao meu lado no barquinho? Olha ele aí e detalhe: com a mesma camisa! Encontramos o Messi em Bocas del Toro, mas ele responde por Lucas, pra disfarçar e despistar os fãs. Nossa última noite no Panamá!

Passamos a última noite com o coração apertado por deixar esse país tão incrível, pouco explorado e que esquecemos que existe no mapa. O Canal do Panamá é um mero detalhe dentro dele e sim, trouxe muitos costumes americanos pra cultura panamenha. Bocas del Toro tem um toque americano fortíssimo. Se eu voltaria ao Pana (sim, virei íntima): sem a menor sombra de dúvidas. O país é privilegiado por ter os kunas protegendo o Caribe do capitalismo e a ostentação de resorts e afins. O contato com a natureza é 100% e a beleza que eu admirava no mar, podemos multiplicar por dez. O Panamá parecia um planeta à parte. Foi minha primeira vez em algum país da América Central e meu coração voltou com mais um lugar dentro dele.

Aí vai uma lembrança meio pout-pourri da viagem. E que viagem!