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Próximo destino: Peru!

Por diversas vezes, logo que acordava, ouvia do meu pai um conselho: “Cata, por que você não deixa de viajar um ano e junta dinheiro?”. Eu sempre escapava pela tangente. Nunca consegui explicar em palavras a importância pessoal do verbo “viajar”.

Viajar vai além da função aeroporto, além de juntar um punhado de roupas numa mala. É muito mais que ultrapassar fronteiras geográficas e mudar o DDD ou entrar em roaming. Significa pesquisar um destino e escolher a dedo no globo aquele que mais se aplica ao momento de vida, à condição financeira e às energias que quero receber. É ver com os próprios olhos o que os livros de História contam e confirmar a veracidade dos fatos, descobrir novos olfatos e paladares, enrolar a língua e tentar entender por vezes um idioma de outro planeta. É superar os próprios limites e encarar novos desafios, cada vez que estamos dispostos a ultrapassar novas barreiras internas, novas culturas. É aceitar e admirar as diferenças entre os povos, sejam do nosso Brasilzão ou de alguma “terra de Marlboro”.

Mais um desafio não só está traçado, como está mais próximo do que nunca. Há nove meses planejo essa viagem e conto os dias pra que ela chegue logo. Quando comprei a passagem em agosto, escutei de muita gente: “deixa de ser ansiosa! Pra que tanta antecedência?”. Eu sou ansiosa sim e quero tudo pra ontem. Dá licença de eu querer viajar logo? Queria entrar no clima, sentir frio na barriga e riscar os meses com prazer. Emitir o bilhete "décadas" antes me dá a pseudo sensação de que o dia do embarque está chegando! E, se pudesse e não tivesse um guarda-roupa tão limitado numericamente, já deixaria uma mala prontinha no canto do quarto.

Lugar escolhido: Peru. Hora de mergulhar em novos mares e buscar o autoconhecimento, mas dessa vez não em terra, e sim submersa no Pacífico. Aprender sozinha e vendo os peruanos locais que conhecem cada valinha por aquelas bandas, sem ninguém pra ajudar. É hora de me superar, de me fazer entender que, quando embarquei na fotografia aquática, não estava brincando. O hobby, que começara há anos, virou compromisso, virou “papo reto”, virou filosofia e objetivo de vida. É a confirmação de um sonho, é a busca por mais e mais desafios. É saciar o meu próprio bem-estar, satisfação e motivação que aprendi a criar, diante dessa rotina tão conturbada. É esperar passar a série de ondas e boiar um pouquinho, relaxar, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar e dar aquele sorrisinho de prazer. Só. 

Então, lá vai meu recadinho pra Mãe Terra: sacode esse mar de Máncora e Lobitos (litoral norte peruano, pra não ter erro) que eu estou chegando! Mas não sacode muito não, que não é o Carlos Burle fazendo esse pedido.